O que é Inovação Aberta para Nós?

Bergamotta Labs
3 min readJun 2, 2021

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por Luísa Simon

Já ouvi algumas vezes pessoas explicando que inovação aberta é a terceirização do P&D de uma empresa, mas eu discordo.

Claro, surge um contraponto com o P&D, pois há alguns anos se tinha o mito da patente e dos segredos de estado, onde a inovação ocorria da porta da empresa para dentro e só os cientistas eram detentores da informação. Esse modelo de inovação fechada é relevante em alguns mercados, vide o tão marcante e sonhado cheirinho da Melissa (cof cof).

Já a inovação aberta é o contrário, é a inovação para fora, a inovação compartilhada. É fazer inovação com outros players do ecossistema (startups, grandes empresas, universidades, institutos de pesquisa, hubs de inovação…) para que juntos se desenvolvam soluções melhores, rápidas, baratas e mais evoluídas do que se fosse feito apenas dentro de casa.

O conceito é lindo e inovador, mas para que a receita da inovação aberta ocorra, alguns ingredientes são essenciais. Quando falamos em abrir as portas de uma empresa, internamente também falamos em expor algumas de suas fraquezas e em incentivar o intraempreendedorismo entre os funcionários, ou seja, fomentar um ambiente onde não se tenha medo de dar ideias e de questionar como as coisas são feitas. Externamente também falamos em explorar e ter um certo nível de interação com o ecossistema que estamos inseridos, em conversar com todo mundo, com hubs de inovação, com as universidades, participar de eventos de sensibilização e inspiração.

Ouso dizer que, para essa receita funcionar, um dos ingredientes mais importantes, senão o mais, é a liderança estar comprometida com isso, pois também é um processo de transformação cultural.

E esse processo não é uma particularidade apenas das grandes empresas, é do ser humano. Na minha vivência dentro do ecossistema de startups, não foi uma e nem duas vezes que ouvi de empreendedores jovens que não iriam apresentar seus pitches em determinados eventos pois não queriam que copiassem as suas ideias. Desconstruir esse pensamento e cultura de proteção, de não abrir segredos é uma tarefa demorada e desafiadora.

Como existem vários canais para que ocorra a inovação aberta (hackathons, desafios, co-criação, investimento, compra, spinoff, joint venture…), é preciso testar e entender quais caminhos fazem mais sentido com as demandas da empresa. Felizmente já temos no mercado cases de sucesso para se inspirar e ensinar e cases de insucesso para nos ensinar o que fazer e o que não fazer.

E como já sabemos que nessa vida nem tudo são flores, vários são os desafios e riscos desse modelo de inovação de portas abertas. Seja pelo fato do time interno da empresa adquirir mais demandas pois muitos projetos novos surgem a todo instante, seja por definir a tese de inovação da empresa e manter um foco para os projetos, seja pelas burocracias das grandes empresas que são desconhecidas para muitos jovens empreendedores que estão a frente de startups ou até mesmo pela atração de talentos.

Hoje em dia, dizem que toda grande empresa quer uma startup para chamar de sua, mas trago aqui um case de inovação aberta entre três grandes empresas tradicionais, com público alvo de grandes indústrias, que se abriram e criaram uma solução de inovação aberta. O programa Juntos Somos + é uma joint venture entre Gerdau, Votorantim e a Tigre que desenvolveram um marketplace que é a maior rede de relacionamento do mercado de construção civil e recentemente adquiriram uma startup aqui do Sul, que é uma plataforma que conecta prestadores de serviços com clientes.

Este case exemplifica a tendência de estratégia de grandes companhias de “spinoffar” projetos internos, o que acaba proporcionando mais agilidade nesses projetos e também incentivando o intraempreendedorismo.

Para finalizar, um dos projetos em fase de MVP do Bergamotta Works é o Grendene Aproxima. Nessa iniciativa buscamos conexão com empresas de áreas foco do programa para que, tanto a Grendene quanto a outra empresa possam compartilhar seus negócios, pontos fortes e fracos e, quem sabe, a partir daí iniciar uma parceria.

Ah, e falando em hubs de inovação, o berga, como carinhosamente chamamos, está de mudança para o Instituto Caldeira, um ecossistema de inovação localizado em Porto Alegre que busca conectar empresas e startups para estimular o ecossistema de inovação do Rio Grande do Sul.

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Nosso propósito é criar e testar soluções inovadoras que aproximem pessoas e negócios de forma sustentável

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